Fecho os olhos bem forte..

Querer abraçar o mundo com meus míseros braços, mas na realidade não posso abraçar nem quem estou com saudade. É isso, chega a hora de dormir e eu sinto culpa de não conseguir abraçar nada e terminar essa agonia com as pernas em volta do meu travesseiro posicionando um jeito que meu cérebro não diga "hei, você tem tanta coisa pra resolver", poxa, coisas que não consigo mais. Quem nunca se sentiu assim? Cansada, deprimida, ao estar só cria lágrimas, ao estar junto não consome sorrisos, quer falar mas se cala. Isso tem acontecido com frequência comigo. Temos todas as oportunidade do mundo, e as vezes arrumamos formas banais de desperdiça-las, pois de dentro tiro todas as manhas que o mundo, o mesmo que quero abraçar, me da de procurar o motivo pra parar de ter medo. Fecho os olhos bem forte, e então uma lágrima cai, e peço com toda a força "Pai, me ajuda a caminhar" e adormeço, no dia seguinte agradeço, me levanto e o dia vai passando.. Eu não disse que era com frequência? Pois passo a me sentir como se o mundo, o mesmo que me dá motivo pra não ter medo, estivesse passando por cima de mim. Fecho os olhos de novo e peço "Deus, me ajuda a caminhar". E todas as noites peço, todas as manhãs agradeço.  Fecho os olhos bem forte, agora também, o mundo precisa de mim, mas  eu preciso mais ainda assim.

A gente tem a mania besta de pensar que tudo vai dar certo, que o caminho pode até ser difícil, mas que você vai ser forte e não se permite cair, eu sei como é. A gente sonha em sair pelo mundo, explorá-lo e se ver livre, pra sentir, dizer, querer... O que gente não sabe é que voltar pra casa é a parte delicia dessa caminhada, dar uma repaginada, uma esfriada na cabeça, nos preparar para entender o que nos espera lá fora de novo -pois teremos que sair novamente, disso eu sei-, abastecer os conselhos, recuperar a segurança e ter sempre certeza pra onde voltar quantas e quantas vezes quebrar a cara, e saber, principalmente que se tem pra quem voltar. Por onde você fica horas e horas sorrindo e dorme até mais tarde, agradece todos os feriados e fica largada no sofá, de moletom, cabelo meio preso, sua blusa preferida que esta furada, assistindo a série que te faz rir e ajuda a manusear os problemas que encontrou, mesmo jurando que não aceitaria nenhum que o mundo lhe oferecesse. Se sentir linda da mesma forma, revigorar.. Talvez ainda não ter muita certeza, pois mesmo que sai determinada, voltará cheia de dúvidas, e sairia determinada novamente, e o tempo vai passando, a idade alcançando, e você olha pra pessoa de moletom que deixou no sofá e pergunta "ei, o que você quer, mulher? Você acertou seus caminhos? Suas certezas ao sair de casa eram plenas? Planos? E pior, você tem sonhos?" A rotina ainda é meio maluca, mas intensa, hoje faz parte de mim, mas como não faria? Essa de renovar as energias... Ah, e esta de ter o mesmo caminho e estar no mesmo horário, toda semana, como se houvesse uma cúpula, o tédio, porém o show da sua vida acontecendo só pra você dentro dela, ou a sua vida seria o show, pode ser. É complicado, menina de moletom, é complicado, mas você é linda, viu? Seu esforço compensa, viu? Você é importante, e o mundo teme quando você pisa nele. Você é linda menina, você tem carinho e é bem recebida quando do mundo foge e busca refúgio, e o seu esconderijo tem sorte em te abrigar, ah tem sim viu?